Câmera do Milênio: 1000 anos em uma imagem

Na colina Tumamoc, uma câmera fotográfica simples, mas durável, observa a paisagem de Tucson há anos. Ela não usa química nem tecnologia digital, mas apenas um orifício em uma folha de ouro e um pigmento sensível à luz. Ao longo de 10 séculos, a luz solar refletida pela cidade desbotará lentamente o pigmento, criando uma imagem de exposição extremamente longa de todas as mudanças que ocorrerão no futuro.

A ideia da câmera, chamada de Millennium Camera, é do filósofo experimental Jonathon Keats, pesquisador associado da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Arizona. Ele quer que a câmera seja um convite para as pessoas pensarem sobre o futuro e se envolverem em conversas sobre o desenvolvimento urbano e a relação com o ambiente natural.

“A maioria das pessoas tem uma visão bastante sombria do que está por vir”, disse ele. “Mas se podemos imaginar um futuro pior, também podemos imaginar um futuro melhor, e isso pode nos motivar a agir para moldar nosso futuro.”

A câmera que olha para o futuro

A câmera foi instalada em 2023 na colina Tumamoc, um local histórico e cultural que tem uma relação profunda com as pessoas de Tucson. A câmera fica ao lado de um banco voltado para o oeste, com vista para o bairro Star Pass. O banco convida a uma pausa na caminhada e a câmera estimula os caminhantes a imaginar o que o futuro reserva.

“De forma alguma a câmera está fazendo uma declaração sobre o desenvolvimento – sobre como devemos construir a cidade ou não no futuro”, disse Keats. “Ela está lá para nos convidar a fazer perguntas e convidar a perspectiva das gerações futuras no sentido de que elas estão em nossas mentes.”

Keats espera que a câmera dure 1.000 anos e não seja aberta antes disso. Ele acredita que a imagem final será uma mistura de elementos estáveis e dinâmicos, revelando as transformações que ocorrerão na cidade. Por exemplo, se as casas forem removidas em algum momento, elas aparecerão como fantasmas na imagem, enquanto as montanhas permanecerão nítidas e opacas.

“O que acontecerá então é que a imagem final será uma sobreposição de todas as mudanças que ocorreram ao longo do tempo”, disse Keats. “Ela poderá ser reconstruída camada por camada em termos de interpretação da imagem final.”

Uma visão global

Keats quer instalar pelo menos mais uma câmera na colina Tumamoc, olhando para uma direção diferente, talvez para leste, com vista para o centro de Tucson. As duas vistas se espelharão e mostrarão a dinâmica da interação humana com o ambiente.

Ele também está procurando instalar as câmeras ao redor do mundo, em lugares onde o futuro é incerto e fascinante. Ele já tem planos de colocar câmeras na China, nos Estados Unidos e nos Alpes Austríacos.

“Este projeto depende de fazer isso em muitos lugares ao redor do mundo”, disse Keats. “Espero que isso leve a um processo planetário de reimaginar o planeta Terra para as gerações futuras.”

Quem é Jonathon Keats?

Jonathon Keats é um artista conceitual e filósofo experimental americano, nascido em Nova York em 1971. Ele é conhecido por criar experimentos de pensamento em larga escala, que exploram questões filosóficas, científicas e sociais de maneiras criativas e provocativas. Ele estudou filosofia no Amherst College e atualmente vive em São Francisco e na Itália1

Entre seus projetos mais notáveis, estão:

Keats é pesquisador associado da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Arizona e colaborador da revista Forbes. Ele também é autor de vários livros, incluindo The Book of the Unknown (2009), You Belong to the Universe: Buckminster Fuller and the Future (2016) e Bitwise: A Life in Code (2018). Ele é membro da Royal Society of Arts.

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